O aumento de 51,39% nos custos de produção do agronegócio, referente ao ano passado, foi considerado recorde, sendo a maior alta desde 2010, quando iniciou o levantamento do indicador. A escassez dos insumos, assumindo o topo do ranking, aliada à alta da taxa de câmbio e demais reajustes, como da energia elétrica e dos combustíveis, são motivos elencados como responsáveis por esse cenário. Com os custos altos e preço não valorizado, dificuldades de rentabilidade devem ser percebidas, primeiramente, a quem está voltado ao mercado interno, avaliado como prejudicado por causa do desemprego e da queda renda per capita. Dessa forma, afetando culturas como trigo, o arroz e a produção leiteira. Situação que pode ser contornada nos casos de exportações.
Em compensação, o índice de inflação dos preços recebidos representou 4,92%. De acordo com a economista Danielle Guimarães, da Assessoria Econômica da Farsul, entidade que divulgou os dados, depois de ter sido registrado um recorde de valorização em 2020, passando dos 80%, em 2021, o cenário foi tímido.
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- A conta acaba não fechando. E esse deve ser o grande desafio do produtor nesse ano de 2022. Porque de um lado ele vai ter que arcar com custos historicamente elevados para formar a próxima safra dele, e do outro lado, ele vai ter uma receita limitada. Primeiro, pelo preço que não acompanhou a valorização do custo na mesma velocidade, segundo, pela estiagem _ explica Danielle, ao ressaltar que será um desafio para o produtor organizar o fluxo de caixa, para ter saída com a receita menor.
Ainda conforme ela, foi percebida uma valorização do custo em dezembro, de 4%, ao ser realizada uma comparação com novembro. Um panorama que deve seguir nesses patamares elevados, a menos que algo mude em relação à oferta de insumos em cenário internacional.
Danielle ressalta também que houve uma desmistificação de que o produtor, erroneamente, é considerado o vilão para a inflação dos altos preços de alimentos em 2021.
- No mesmo ano, no acumulado de 2021, a gente visualizou um preço para o produtor crescendo menos de 5% e o IPCA alimentos, ou seja, o preço lá na gôndola valorizando quase 8%. Então, a inflação na gôndola foi muito maior do que a inflação recebida pelo produtor - explica Danielle.
A economista comenta, em entrevista à Agert, que a elevação dos preços nas gôndolas pode ter se dado em função de diversos fatores, não somente ao preço cobrado pelo produtor. Como exemplos, ela elenca como possibilidades que colaboraram para a alta nos preços ao consumidor os custos ligados à energia elétrica e aos combustíveis.
*Com informações da Agert